Os olhos estavam atentos e os ouvidos ansiavam por uma das melhores músicas eruditas de todos os tempos: o Concerto para Violino em Mi Menor, Opus 64, do compositor Felix Mendelssohn. Era uma noite de apresentação de somente uma peça, mas que valia por uma suíte inteira de obras.
30/12/2011
11/12/2011
Intensidade
Para ler ao som de "The Whores Hustle and the Hustlers Whore", de PJ Harvey |
10/12/2011
Sem título
O final de ano está chegando e ainda posso ouvir os sinos. O som não é o mesmo que toca em todo dezembro. O timbre, que soa um pouco assustador, já soa há tempos. Já passou da hora do almoço quando decidi passear pelas teclas pretas e brancas do piano que está perto da janela, para poder esquecer um pouco de tudo. O livro continua aberto, sem pressa para ser preenchido com intensas histórias, mas algumas páginas foram deixadas em branco.
12/11/2011
A grande saída
Na caminhada rotineira pela cidade, por um momento tudo se tornou vertiginoso. O piso, antes quebrado, agora estava íntegro, mas o restante continuava o mesmo. O cenário dos grandes dias ainda estava lá, assim como os personagens, mas o andarilho não se sentia parte de todo aquele universo. Apesar disso lhe assustar um pouco, ele não procurava apressar seus passos. Enquanto isso, a luz ambiente desaparecia aos poucos.
29/10/2011
Sem-idade
Felizes são as pessoas sem-idade; aquelas que agem sem se importar em seguir padrões etários. Um jovem não precisa, de fato, ser cool, assim como os senhores e senhoras que não têm a necessidade de se portar como velhos. A ação do tempo pode até oxidar por fora, mas por dentro o que ganhamos é a experiência, e isso não interfere em quem devemos ser.
15/10/2011
Livro aberto
Enquanto chove lá fora, aqui dentro faz sol. O som do piano ecoa pela casa enquanto a mente do rapaz passeia pelo livro de sua vida, relendo algumas folhas já escritas e pensando como seria se a história tivesse tomando outro rumo. Mesmo sem saber quantas páginas precisam ser preenchidas e quantos capítulos ainda restam, a única certeza que ele tem é que quer que as próximas linhas sejam feitas inteiramente de arte.
14/10/2011
Vertigens da memória [parte IV]
Foto por: Adon LXXXIII |
O encontro de dois tempos diferentes, como aquele comercial sobre o mundo sem fronteiras, é similar ao choque de duas pedras: a probabilidade de sair faísca é grande. Mas, ao contrário deste embrião do fogo, o atrito acontece de maneira agradável, passando longe da negatividade. Deparar-se com o passado, vivo em sua totalidade e diante dos olhos, é como poder voltar no tempo por alguns instantes.
09/10/2011
O último suspiro
Era uma sexta-feira fria quando todas as folhas eram verdes e todas as flores estavam vivas, mas tão vivas, que nem se importavam com o clima de inverno e toda a ventania que vinha do lado de fora. Sorrisos e brilho nos olhos. Por um instante, a felicidade foi plena, livre de mágoas e angústias.
02/10/2011
Breve ensaio sobre a saudade
Foto por: Andy Conlan |
23/09/2011
Sobre a caixa das boas lembranças
14/09/2011
Sobre o incenso
Para ler ao som de Rolling Stones - Heaven |
07/09/2011
A sala de arquivos
Documentos, papéis, cartas e muitas outras coisas estão guardadas na sala de arquivos da jovem executiva. Na correria para manter tudo em ordem no escritório, às vezes ela se esquece de organizar algumas coisas e só se dá conta disso depois que não consegue encontrar o que procura. Olha em todos os lugares e não acha nada. Ela respira fundo, pega seus óculos de grau e decide tirar o dia para checar e arrumar tudo o que engavetou durante anos.
04/09/2011
O canto do pássaro azul
Cinco e cinquenta e três da manhã. Um pássaro canta enquanto eu leio meu livro de cabeceira. Aos poucos, toda a cantoria rouba minha atenção, até o momento em que não consigo mais focar nas linhas escritas sobre o amor líquido. Por um momento, a música que ecoa lá fora me parece muito mais interessante do que as reflexões sobre relacionamentos.
03/09/2011
As mãos que tocam o mundo
Aquele indivíduo que observava cuidadosamente tudo enquanto caminhava pôs-se a pensar sobre o mundo material, palpável, após alcançar um breve equilíbrio espiritual. Lembrou-se de todas as músicas que tocou, emocionando platéias, e de todos os textos que já escreveu. Deu-se conta de que suas mãos talvez fossem a parte mais importante de seu corpo.
08/07/2011
Felino na janela
28/04/2011
Se o amor não for correspondido
Se o amor não for correspondido;
Distrair-me-ei com outras coisas;
Aproveitarei a boemia com meus grandes amigos;
Música ambiente, cigarros e vinhos.
Se o amor não for correspondido;
Ficarei a ouvir os pingos de chuva na janela;
Lembrarei a todo o momento, de hora em hora;
Da frase que diz que chove mais do lado de dentro do que de fora.
Se o amor não for correspondido;
Acenderei meu cigarro e tomarei meu vinho;
Beberei a cor do amor e expirarei minh’alma;
E quando eu estiver novamente com os pés no chão;
Vou devorá-la com os olhos e guardá-la dentro de mim, para sempre.
06/04/2011
O coração que anseia sentir o mundo
No tempo de Fernando Pessoa, o poeta era um fingidor. Hoje não é preciso ser poeta; basta estar vivo para escolher seu lugar no baile de máscaras. Se você não participa, assiste, e portanto, faz parte deste universo. Ontem, víamos aquele indivíduo observando um mundo de possibilidades entre os integrantes. Hoje, ele se arrisca no palco principal, mesmo com o veneno implícito no ar. A busca pela verdade o motivou a escolher a máscara de Hórus para usar. Quanta ironia.
19/03/2011
Vertigens da memória [parte III]
Os antigos nômades eram sábios, mesmo que não percebessem o quanto. O constante deslocamento em busca de um estilo de vida melhor não dava trégua para lembranças, pois é muito mais fácil partir do que ficar. Quem se muda para outra cidade, por exemplo, não se apegará tanto ao passado quanto aquele que permaneceu, como um cão de guarda, esperando o grande amigo voltar para matar as saudades.