Cinco e cinquenta e três da manhã. Um pássaro canta enquanto eu leio meu livro de cabeceira. Aos poucos, toda a cantoria rouba minha atenção, até o momento em que não consigo mais focar nas linhas escritas sobre o amor líquido. Por um momento, a música que ecoa lá fora me parece muito mais interessante do que as reflexões sobre relacionamentos.
A obra eu posso ler a qualquer hora, mas aquele canto, tão único e diferente, pode ecoar só por hoje. Paro e ouço o que a ave está querendo expressar. Não sei por que, mas imagino que seja um pássaro azul que chama minha atenção. Talvez pela sonoridade tão exótica de suas notas musicais.
O que pode motivar aquele ser solitário a cantar com todo o fôlego de seus pequenos pulmões antes das seis da manhã? Acho que nunca saberei a resposta, mas consigo sentir a alegria dele ao acordar todos à sua volta, não por pirraça, mas por puro júbilo. Aos poucos, outros pássaros se juntam a ele, e o som se torna menos ecoado e mais cheio.
Mas o canto de seus companheiros, que estão em maioria, me parece muito comum. Não bastasse isso, o pequeno músico que começou tudo, como quando um solista toca um prelúdio em um concerto orquestral, silenciou-se. Teria ele ficado intimidado pelo fato de soar diferente dos outros? Não sei. Só sei que um dia quero poder ouvir novamente o canto do pássaro azul.
Que texto bonito! Eu já pude ouvir esse pássaro, só não sabia a sua cor :)
ResponderExcluirLindo texto, o pássaro foi a inspiração. Pena que não é permitido copiar... Se fosse permitido gostaria de postar em minha página no Facebook com os devidos créditos de autoria. Também crio textos, frases, pensamentos.
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