14/09/2011

Sobre o incenso

Incenso
Para ler ao som de Rolling Stones - Heaven
A fumaça dança no ar e transmite todo seu êxtase aos nossos pulmões. A queima de seus materiais aromáticos mistura-se com nossos sentidos e transforma o momento em uma experiência verdadeiramente sinestésica. Gostaria de saber o que provoca tanta alegria no incenso, que faz com que ele consiga purificar com maestria todo o ambiente ao seu redor. Seria o fogo ou seria o vento?

A chama que queima os componentes bióticos transmite calor e aguça todos os nossos sentidos. Há os que chamem isso de sopro de vida, o momento em que há algo que foge de explicações racionais preenchendo tudo o que nos cerca naquele momento, tão caloroso quanto o encontro de dois cônjuges no seu mais perfeito equilíbrio.

Mas não é só de fogo que vive o incenso. A combinação com o vento é o que o torna visualmente poético. A dança é tão única quanto à improvisação de um músico de jazz: imprevisível, sem um padrão. Isso é o que torna toda a coreografia sem sincronia em algo belíssimo que ultrapassa os limites de nossa compreensão.

Assim como acontece com todos os elementos existentes, o incenso em algum momento chega a seu fim. Não gosto disso. Queria ver – e sentir – toda essa poesia e sinestesia por toda a eternidade. Fica, meu amor, pra sempre comigo. Te faço companhia, serei seu amigo e te garanto o coração.

Mas onde estou com a cabeça? A liberdade do ar não combina com possessão. Esta, assim como todos os males e impurezas, pode ser curada ou amenizada com a prática da Vipassana. Já que não podemos possuir a fumaça do incenso, deixemos ela nos possuir e purificar. Que assim seja.

2 comentários:

  1. É engraçado, esses dias acendi um em casa e o coloquei perto da janela a fumaça que ia embora era a mesma que eu queria que ficasse, em outro momento teve outro que acendi e me sufocou, nesse a janela estava em casa, cai naquele clichê da frase que devemos deixar as coisas livres e se elas voltarem é porque realmente conquistamos, acho que até a fumaça do incenso devemos deixar livre para limpar nossa alma - curta o momento, o jazz e o aroma!

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  2. @Camila Fontenele - Fazendo um paralelo, também podemos pensar no amor que se vai, naquele que fica, e também nas relações sufocantes. Boa observação!

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