09/10/2011

O último suspiro

O_último_suspiro

Era uma sexta-feira fria quando todas as folhas eram verdes e todas as flores estavam vivas, mas tão vivas, que nem se importavam com o clima de inverno e toda a ventania que vinha do lado de fora. Sorrisos e brilho nos olhos. Por um instante, a felicidade foi plena, livre de mágoas e angústias.

Passaram-se alguns dias e o sol veio. Clima quente que combinava com todo o êxtase daquela parte da natureza que contrastava com todo o materialismo urbano ao seu redor. A beleza se destacava como as notas musicais das composições da Marisa Monte.

Algumas semanas depois, logo após os cacos quebrados e espalhados pelo chão, o ambiente tornou-se azul, da cor da tristeza. Mas o querido arranjo continuou lá, saudável, até começar a desaparecer, em um fade out inesperado.

Em pouco tempo, as flores faleceram. Caules quebrados como corações partidos. As folhas, mais poéticas e menos dramáticas, tornaram-se marrons aos poucos, assim como cantou Greg Lake em “C’est La Vie”. Mas uma estava viva como nunca, firme e forte.

Quase posso ouvir o violino chorar a incerteza do amanhã da última folha verde, escondida lá no fundo. Estas lágrimas musicais podem ser de tristeza, caso ela faleça, ou de alegria, caso ela sobreviva. Só saberemos depois do último suspiro.

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