Um brinde ao café fraco que só tomamos para não magoar quem o fez;
Um brinde ao nosso bom dia que falamos por obrigação;
Um brinde aos nossos sorrisos não correspondidos; aos corações partidos;
Um brinde a todo nosso amor reprimido;
Um brinde ao mito do fim do mundo, que todos nós, no fundo, sabemos que não é verdade;
Um brinde às nossas superstições, que distorcem a realidade a nosso favor;
Um brinde à nossa crença, que insistentemente nos faz acreditar no impossível;
Um brinde aos nossos esforços que não são recompensados;
Um brinde ao sexo casual, que preenche nosso vazio, mesmo que seja por alguns minutos;
Um brinde aos amigos que dizem sentir nossa falta, mas não nos procuram;
Um brinde à nossa ingenuidade, que nos torna pessoas vulneráveis;
Um brinde à nossa persistência, que nos faz verdadeiros teimosos batendo na mesma tecla;
Um brinde às pessoas doces que não merecem o sal de nossas lágrimas;
Um brinde à justiça, que só existe para quem pode pagar bem;
Um brinde ao consumismo, que nos consome a cada compra realizada com sucesso;
Um brinde aos cigarros, nossos companheiros nos momentos de coração apertado;
Um brinde à saudade que sentimos quando percebemos que algo ou alguém não voltará;
Um brinde às nossas derrotas, que são mais lembradas do que nossas vitórias;
Um brinde à nossa bondade, que nos faz presa fácil na mão dos maldosos;
Um brinde ao mundo líquido, que escorre entre nossos dedos;
Um brinde à efemeridade, pois tudo tem prazo de validade;
Um brinde ao nosso otimismo, que quase sempre é quebrado pela realidade cruel;
Um brinde à nossa falta de tempo e todos os desejos perdidos;
Um brinde ao amor platônico que nunca se concretizará;
Um brinde aos slogans e filmes, que nos fazem acreditar em um mundo irreal;
Um brinde ao nosso desespero, que nos faz recorrer às tarjas pretas;
Um brinde a todos os sonhos do mundo que nunca chegaram a ver a luz do dia;
Por fim, um brinde à nossa ironia, que nos faz rir disso tudo.
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