Sofia quase beijou o espelhou na manhã de domingo.
A ação foi interrompida quando ela percebeu que estava sonhando acordada.
Ela parou. Caiu em prantos ao notar que aquilo era uma ilusão. Por alguns segundos, tinha enxergado a pessoa amada do outro lado. Mas não era real.
A mãe de Sofia lhe deu esse nome por ser apaixonada pelo conhecimento.
A menina, quase mulher, herdou essa característica da mãe e também foi abençoada com a beleza. Mas tudo é muito contraditório e irônico. Enquanto que Afrodite foi generosa com ela, Eros parecia não ser.
Sua alma fervilha amor, mas não pode compartilhar com quem gostaria.
Ela vive no plano das ideias enquanto procura em outros rostos um olhar tenro e sincero, mesmo sabendo que não vai encontrar.
Apesar de solteira, Sofia nunca ficou sozinha. Vive rodeada de amigos e boa companhia.
Por algum tempo buscou no amor livre a segurança que queria ter, mas não achou.
Jamais se esqueceu do dia em que foi admirada por aquele olhar que ela admira. Mas era só aquilo, nada mais. Ela não podia possuí-lo.
Aquela lembrança tornou-se uma espécie de Zahir para a garota.
O amor que ela sente é como uma faca de dois gumes: alimenta a alma, mas também envenena.
É preciso viver muitas casualidades para suprir o desejo de ter um compromisso com quem se ama, mas é inalcançável. Mesmo assim, o sabor não é o mesmo.
Sofia gosta das noites dionisíacas, porque o vinho que bebe lhe garante bons sonhos e torna seu desejo realidade por alguns instantes.
Até o despertador tocar.
Adicione um grão
Postar um comentário