04/02/2012

A verdadeira imortalidade

imortalidade

Era a época auge do romantismo em plena Europa quando um jovem poeta decidiu participar de um grande simpósio que discutia sobre a imortalidade. Na verdade, aquilo tudo se parecia muito com o banquete de Platão e suas teorias sobre o amor. Haviam muitos interessados no assunto, prontos para conversar por horas e horas expondo suas idéias e ideais.

No fim da cerimônia, fez-se um minuto de silêncio, em sinal de luto por todas as pessoas queridas que se foram. Logo após, o anfitrião discursou sobre uma espécie de elixir que poderia dar a vida eterna, e em seguida trouxe uma garrafa de vinho tinto alegando que a bebida garantiria a imortalidade de quem a bebesse. Serviu a todos da mesa com uma quantia modesta e brindaram os futuros dias infinitos.

O poeta saiu de lá sem saber se toda aquela conversa era verdadeira ou tudo era simbólico. Como o simpósio estava cheio de intelectuais, preferiu acreditar que tudo aquilo era verdade e repetia para si mesmo: “Agora tenho a vida eterna”. Ao voltar para casa, foi abordado por um homem cego, de cabelo e barba grisalhos. “O que você faz andando nas ruas nesta noite fria? Tudo está congelando. Você não é imortal”. O jovem parou, curioso, e teve uma longa conversa com o sábio. Falou sobre o evento que acabara de frequentar e sobre o polêmico vinho.

“Isso tudo é bobagem! A verdadeira imortalidade está nas coisas marcantes que você faz: Um filho, sangue do seu sangue, que continuará sua trajetória; A plantação de uma árvore, que sobreviverá por séculos e fixará suas raízes no chão; Ou a elaboração de obras que sejam inspiradoras para outras pessoas”, dizia o velho. “Eu sou você amanhã, posso falecer a qualquer momento”, disse. Após agradecer os conselhos, o jovem retomou sua caminhada. Por um momento olhou para trás e viu aquele senhor caído no chão. Pensou eu como a vida é curta.

Naquela noite, não dormiu. Quando conseguia descansar, seus pensamentos se tornavam pesadelos e o despertavam novamente. Estava muito ansioso. Refletia sobre o que poderia existir depois que a temida hora chegasse, se é que existirá algo. A partir daquela dia, decidiu que não queria ser mais um, mas sim o único.

Os anos se passaram e o poeta decidiu trabalhar duro, muito duro, para conseguir eternizar tudo o que escrevia. Criou obras fantásticas que marcaram gerações. Uma delas inclusive discorria sobre a imortalidade. Faleceu aos 82 anos, mas se tornou eterno. Seu nome era Johann Wolfgang von Goethe.

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