A penumbra que carrega certo mistério é a mesma que nos entorpece. À meia-luz podemos ser e existir sem nos preocuparmos com o julgamento precipitado. Se o local também tiver uma música ao fundo, instantaneamente se transformará em um verdadeiro cenário. Não há nada mais envolvente do que aquilo que obscurece, mas ao mesmo tempo, transmite tranquilidade em uma combinação sem precedentes.
Toda palavra vira poesia à luz de velas. Ninguém manda em alguém mais do que o desejo. A fumaça misturada dos incensos também dá espaço para vinhos e conhaques. Sempre haverá um pedaço do paraíso em terra guardado para todos nós.
Se a noite é uma criança, a penumbra é um adulto determinado, sem receio de errar. Ninguém tem medo do amor no momento que os lábios se tocam e corações se aceleram. Quando o sentimento é verdadeiro, não existe quem não estremeça, nem que seja por um segundo, com tanta intensidade. Os suspiros se fazem mais fortes do que nunca, às vezes se transformando em algo a mais.
A calmaria, por vezes, toma conta do ambiente, trazendo a paz. É como se tudo aquilo fosse uma grande sessão de meditação, formando e transformando nossos sentimentos. A eternidade se faz presente nesta hora, nos fazendo esquecer de nossos mais profundos medos para dar espaço à tranquilidade e ao prazer.
A última nota da música que soa é um aviso exigindo uma decisão de começar todo o ritual novamente ou parar por ali. Desconheço qualquer pessoa que tenha optado pelo término de tudo aquilo. A meia luz que nos envolve só perderá o sentido quando o sol chegar. Por que não aproveitar o momento? A felicidade não tem hora para acontecer.
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