15/10/2011

Livro aberto

livro_aberto

Enquanto chove lá fora, aqui dentro faz sol. O som do piano ecoa pela casa enquanto a mente do rapaz passeia pelo livro de sua vida, relendo algumas folhas já escritas e pensando como seria se a história tivesse tomando outro rumo. Mesmo sem saber quantas páginas precisam ser preenchidas e quantos capítulos ainda restam, a única certeza que ele tem é que quer que as próximas linhas sejam feitas inteiramente de arte.

O piano pára por alguns segundos, mas mesmo assim, há um pássaro cantando do lado de fora. A melodia é completamente diferente da música que invadia os ouvidos de todos da vizinhança, mas surpreendentemente estava no mesmo tom da partitura que estava em frente às teclas pretas e brancas. “Para que haja harmonia, não é preciso que tudo esteja simétrico”, refletiu o rapaz, e em seguida voltou a tocar uma de suas composições prediletas.

Anoiteceu, e como todos iam dormir, ele interrompeu seus estudos musicais. Pensou por um instante que queria ter todo o tempo do mundo para poder praticar e fazer de sua vida um grande livro de partituras. Nesse meio tempo, lembrou-se de Baudelaire, e o dilema do excesso de vinho, virtude e poesia, alegrando-se por um lado, mas também entendendo que os excessos já derrubaram grandes conquistas da humanidade. É melhor moderar, rapaz. Não tenha pressa em escrever todas essas páginas.

Um comentário:

  1. Um dia viveremos só de arte, ou que seja só um pouquinho pra matar o vazio que as vezes fica, sabe?

    Você anda um tanto inspirado, estou gostando dos teus textos. Um beijo ;*

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