07/09/2011

A sala de arquivos

_Arquivo_

Documentos, papéis, cartas e muitas outras coisas estão guardadas na sala de arquivos da jovem executiva. Na correria para manter tudo em ordem no escritório, às vezes ela se esquece de organizar algumas coisas e só se dá conta disso depois que não consegue encontrar o que procura. Olha em todos os lugares e não acha nada. Ela respira fundo, pega seus óculos de grau e decide tirar o dia para checar e arrumar tudo o que engavetou durante anos.

“Nem me lembrava que isso existia”, pensa ela quando é surpreendida ao redescobrir os pequenos fragmentos que fizeram parte de sua vida há muito tempo. Cada reconquista é uma nova motivação para explorar mais daquele verdadeiro universo que ficou encostado, esquecido.

Passam-se algumas horas e ela está lá, completamente submersa na sala dos arquivos, com as portas trancadas para que ninguém – sem querer – atrapalhe sua pesquisa, uma verdadeira busca interior que mescla fatos relevantes e irrelevantes. E cada vez mais ela se surpreende com o que estava guardado. Emocionou-se quando encontrou muitas coisas que um dia fizeram parte de sua vida e que hoje estão oxidadas pela ação do tempo.

Inconformada em se defrontar tantas vezes com as lembranças que se tornaram tão esquecidas quanto objetos em um sótão, a jovem executiva vai mais a fundo em sua busca, cada vez mais frenética, para descobrir tudo o que estava lá, até que encontrou uma gaveta trancada. “Eu não me lembro de ter guardado algo com chave”, pensa. Não bastasse isso, aquela parte do arquivo estava com uma etiqueta toda empoeirada, impedindo sua leitura.

De repente seu celular toca, interrompendo todo o processo de auto-redescoberta. Ela suspirou por um momento e atendeu a chamada. Era um de seus clientes avisando que teria de adiar a reunião que estava marcada no dia. Aliviada, ela confirma a mudança de horário e retoma sua busca.

A jovem analisa o ambiente e percebe que já checou tudo na sala de arquivos, menos a gaveta empoeirada. Ela tira a poeira da etiqueta e assusta-se com o que vê escrito nela. Seu mundo pára por um segundo, que mais parece uma eternidade, e uma lágrima silenciosa escorre em seu rosto. O que ela mais temia – inevitavelmente - se tornou realidade: seus mais puros sentimentos estavam trancados ali, sem a chave para libertá-los.

3 comentários:

  1. Nossa, você já postou bastante coisa aqui! Que bom :)

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  2. @Li - Obrigado! Volte sempre.

    @Luciana - A ideia é justamente mostrar aos antigos leitores um pouco da nova proposta, mais poética. Os textos serão mais livres e literários!

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