01/08/2010

Os pés que caminham pelo mundo

Calçada

Aquele indivíduo que caminhava com passos firmes decidiu não criar tantas expectativas com relação ao universo ao seu redor, e aos poucos isso o deixou mais tranqüilo. Muitos dias se passaram, e surgiu algo que o marcou, em uma manhã especial em que ele teve uma grata surpresa. Em uma das ruas na qual caminhava, uma cerejeira trocava suas flores brancas, que caíam na calçada. Este fato passava quase que despercebido por muitos que passavam por ali, mas ganhou um grande significado na vida daquele jovem de olhos curiosos.

As flores que ali caíam despertaram sua admiração. Ele, que passou muito tempo vivendo com algumas memórias voando ao seu redor, sentiu o despertar de uma nova vida logo naquele momento, e sentiu que lembraria daquilo com grande afeto. Tamanha admiração aconteceu porque ele conseguir enxergar de fato a renovação que não via faz tempo, no sentido simbólico. As flores brancas caíam para dar lugar a outras, que por sua vez serão mais brancas e joviais, assim com o sabor da recente felicidade, que é justamente o renovar de cada dia, todo dia.

Aquele indivíduo tem a mais absoluta certeza de que não foi o vento que o levou ali; ele fez seu trajeto caminhando por terra, da maneira mais difícil e ao mesmo tempo mais gratificante de se conquistar algo. Alguns dias se passaram e a cerejeira ficou sem as flores, que estavam espalhadas pela calçada. No fim daquela semana elas foram varridas de lá, mas a memória permaneceu, sem vertigem alguma. E aquele trecho de sua trajetória se tornou um lugar praticamente sagrado para ele, que sempre sorri quando passa por lá.

Ele não acordou, porque não é preciso acordar; tudo ali é de verdade, a mais bela verdade; tão concreta que é quase possível agarrá-la com as mãos. E agora ele caminha religiosamente todos os dias naquela rua aonde há uma cerejeira que aguarda novas flores e sempre lhe traz felicidade e uma sensação de imenso bem-estar.

Adicione um grão

Postar um comentário