24/10/2010

Concretizando o abstrato

abstrato

Como seria o nosso mundo se tudo o que é abstrato fosse concreto, palpável, e ainda por cima, estivesse à venda? Imagine se pudéssemos comprar uma dose de tempo, alguns grãos de sabedoria, ou até mesmo muitas porções de felicidade. Quais seriam nossos conceitos se fosse possível concretizar o abstrato?

Deixemos um pouco de lado a questão monetária e imaginemos se todos os sentimentos, virtudes e elementos fossem acessíveis a todas as pessoas; assim qualquer classe social poderia adquirir coisas imateriais. Tudo isso mudaria o nosso mundo!

Tendo o universo todo ao nosso dispor, perderíamos a noção do espaço ao nosso redor, enquanto que não saberíamos o que é a conquista, isso sem mencionar a própria lucidez. Provavelmente viveríamos em uma espécie de mundo permanentemente entorpecente e entorpecido.

Vivendo de maneira cega e embriagada, por causa da perda de noção de muitas coisas que aprendemos, todos os possíveis problemas citados anteriormente seriam anulados. O mundo seria uma espécie de total ilusão prazerosa, que satisfaria os nossos desejos mais íntimos.

Mesmo assim, com tudo que queremos ao nosso alcance e todas as necessidades satisfeitas, ainda existiria a ganância, a inveja, a cobiça e tudo aquilo que está ligado a sentimentos de possessão. Ou seja, mesmo se fosse possível concretizar tudo que é abstrato, e mesmo que tudo que é inacessível fosse acessível, ainda assim os maiores problemas do mundo existiriam.

Afinal, nossas dores estão ligadas com o que desejamos, mas não possuímos? Os pequenos incômodos não desviam nosso foco da real situação? Será que nossos problemas são realmente problemas?

4 comentários:

  1. Não haveria mais conquista e ficaríamos entorpecidos - para mim estes foram os pontos-chave do texto. Mas se pensarmos mais, esse tema dá um nó na mente.. Se fosse tão fácil levar felicidade para casa como as compras na sacola, acho que acabaria acontecendo o seguinte: quanto mais se tem, mais se quer. E daí surgiriam problemas, como os exemplos de posse citados, ou se transformar em vícios. Ou será que não, seria como um sonho se realizando sem fim? Dá pra pensar em muitas consequências, criando desde uma utopia até uma distopia. Mas quem sabe seja melhor mesmo pensar nas questões que finalizam o post..

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  2. Lendo tudo isso me lembrei de uma tira da Mafalda, da qual ela vai ao chaveiro e pede a chave da felicidade, ele por sua vez pede um modelo e ela o chama de espertinho... É mais ou menos isso, quisera algumas coisas realmente fossem realmente abstratas, e outra os problemas, as crises e as frustrações não estão ligados diretamente aos problemas e sim nas expectativas, os problemas são consequências daquilo que julgamos ser bom e não foi... Belo post!

    Um beijo ;*

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  3. @Gustavo Ca - Você captou a idéia principal: seriam inúmeras questões problemáticas que surgiriam caso pudéssemos possui (no sentido literal) todo e qualquer tipo de sentimento. Legal a observação feita em cima da ganância, que ganharia uma - terrível - ênfase na vida de todo mundo caso a realidade do post estivesse presente na vida de todo mundo.

    Como você disse, poderíamos viver em uma espécie de sonho sem fim. Viveríamos em um paraíso tão grande que, provavelmente, também perderíamos o conceito de prazer, bem-estar e felicidade. Há muita coisa ser pensada se nossa realidade fosse outra!

    Ótimo comentário, Gustavo!
    Um abraço!

    @Camila Fontenele - Boa observação! As expectativas que criamos em torno de tudo que vivenciamos é provavelmente a maior bênção e a maior maldição de nossas vidas. Costumo dizer que as expectativas são responsáveis por amplificar e aumentar algum acontecimento. Se é algo bom, fica maravilhoso; se é ruim, parece que a pior coisa do mundo.

    As vezes o que pode diminuir nossa frustração com tudo isso é justamente quando sofremos um "choque de realidade" e somos expostos à algumas situações que nos provam que estamos sofrendo por um mau muito menor do que aquele que imaginamos ser o mais cruel que existe. Esse é o momento em que agradecemos por tudo o que temos e pela vida que vivemos. Mas, infelizmente. esses momentos não duram. Acredito que isso se deva pelo fato de que quando alguma de nossas expectativas geram um resultado positivo, ficamos tão extasiados com tudo isso que preferimos continuar criando expectativas, porque esse positivismo superou todas as mágoas geradas por uma situação ruim. Seria uma espécie de vício, creio eu!

    Fico feliz que tenha gostado do post!
    Um beijo!

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  4. o Abstrato é o subjetivo, o subjetivo é concreto, mas parece liquefeito quando tentamos toca-lo. Acho que é por aí, Rafa. O blog tá bacana.

    abratz

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