Nuvens em todos os lugares

Para mim, os dias nublados são sempre os mais belos. Praticamente não me lembro de nenhum dia com esse clima que não tenha sido no mínimo agradável. Pode ser justamente porque eu gosto das nuvens encobrindo todo o céu e trazendo toda aquela calmaria nostálgica inevitável, ou por outros inúmeros motivos, o fato é que para mim os dias nublados sempre serão os mais belos, mais serenos e mais memoráveis dias.

Todas as nuvens no céu sempre me fascinaram, continuam a me fascinar e acredito que sempre virão acompanhadas do meu sorriso ao despertar e me deparar com esse dia que aos meus olhos é até mais interessante que dias ensolarados de claras manhãs. Esse nublado externo fica até melhor com poucos ou nenhum raio de sol para atravessar a harmonia silenciosa que paira em cima de todos nós. Adoro quando as nuvens se encontram do lado de fora.

Já do lado de dentro, falando no sentido figurado e poético, o nublado (ou enublado) não é tão harmonioso assim. Aliás, diria eu que ele não é nada harmonioso, muito pelo contrário, tudo parece vertiginoso e fora do lugar quando nos deparamos com as nuvens dentro de nós. Não se trata de indecisão ou uma necessidade de fazer escolhas, esse clima enublado que está “do lado de dentro” é quase que um entorpecente, pois altera nossos sentidos e nos faz enxergar tudo de uma maneira embaçada e confusa. Quando estamos assim, é como se nos perdêssemos do caminho de casa e ficássemos bastante desconfortáveis e “sem chão”.

A previsão do tempo que acompanhamos em noticiários pode nos dar uma idéia de quando as nuvens do lado de fora da janela irão partir para longe de nossas casas, mas não pode nos dizer quando as nuvens que estão dentro de nós irão se dissipar. Pode ser que esse clima nublado que ocasionalmente está em nós seja um reflexo de quão bagunçada e/ou sem sentido está nossa vida no momento. Como foi falado agora a pouco, não há previsão para que essas nuvens parem de nos acompanhar, mas como disse Kelly Jones: “talvez amanhã eu encontre meu caminho para casa”.

Para quem não conhece, essa frase está na música “Maybe Tomorrow”, da banda Stereophonics, liderada por Kelly Jones. Esta canção fez parte de trilhas de filmes memoráveis, como “Paixão a flor da pele”, e “Crash - no limite”, e (por que não?) também faz parte da trilha sonora da vida de muita gente, pois trata de algo que todo mundo já sentiu ao menos uma vez na vida: esse clima nublado que por vezes encontramos dentro de nós.