A mudança do espaço que me cerca tem se dado de maneira muito rápida, num ritmo desenfreado e frenético. Pode parecer bobagem, mas tenho sentido os anos passarem como se fossem meses, talvez até justamente pela rápida modificação urbana aos redores daqui. Lugares mudam, casas são demolidas e reconstruídas, e temo que com elas se esfumem as minhas lembranças e também a memória de outras pessoas que residem e/ou fazem parte daquele ambiente.
Fui pego de surpresa por esses dias enquanto caminhava por uma das ruas próximas a minha casa e pude ver mais uma nova construção sendo finalizada no lugar onde se encontrava uma simples esquina vazia. Vai levar um tempo para eu me acostumar com a novidade, enquanto que as lembranças daquele lugar podem ir sumindo lentamente, assim como um fade out lento em um filme nostálgico.
Obviamente a sociedade se modifica com o passar dos anos e das gerações, mas - principalmente - quando se trata de um bairro tradicional, não esperamos que estas metamorfoses urbanas ocorram de maneira tão rápida. Quem vive e faz parte daquele ambiente certamente encontrará um conflito de lembranças, que parecerão enubladas e vertiginosas.
Quando queremos guardar definitivamente algum acontecimento na nossa vida, logo pensamos em bater uma foto e congelar um momento para sempre, certo? Mas não creio que as fotografias consigam guardar tudo que realmente desejo. O que quero são sensações, e uma das maneiras de obtê-las é justamente visitar ou passear determinado lugar que marcou sua vida.
Ao visitar um espaço marcante na nossa essência, certamente ele se encontrará diferente do que era antes, e sua mente vai analisar cada detalhe do ambiente e provavelmente tentará reconstruir as cenas, cheiros, sons e sensações vivenciadas ali. Isso acontece porque ficamos um bom tempo sem estar lá. Minha preocupação é com relação a lugares que significaram e significam muito para nós, pois assim, assistimos aos poucos a destruição da nossa memória, que por conseqüência pode tornar-se vertiginosa. Este é o meu receio.
Salve Rafa!
ResponderExcluirConcordo quando vc comenta sobre a foto. A foto não tem o sentimento incluido nela, isso você tem que levar contigo mesmo. A foto só faz lembrar a sensação do momento que ela foi tirada. Sobre o bairro tradicional, ao menos o que eu moro não muda nunca hehehe! Muito bom o post, abrass!
Hahahaha, eu moro em ALumínio, aqui a fábrica destrói e constrói a hora que quer. Mas, eu gosto disso, o meu receio é que as coisas não mudem, daí então não teríamos memórias, e sim paisagens. Eu gosto das memórias, elas tem esse nome, pois servem apenas para serem lembradas e não revividas. Embora, eu acredite que nem tudo deve ser destruído pra contruir, tipo, não acho que devam destruir a torre eiffel, auhauhhuahua, nem machu pichu e talz.... auuahuhauhauhauhaua.
ResponderExcluirLegal o texto, Rafa, e o blogue também...
abração.
Novamente um ótimo post. Realmente esse tipo de coisa vem acontecendo, pelo que parece por todo mundo, há uns três ou quatro anos atrás(como você diz parece que foram meses) havia um enorme terreno baldio em minha rua onde costumava brincar com os amigos, agora lá há um enorme prédio de consultoria. Você também comentou em certo ponto do post que as mudanças são necessárias, mas talvez com menos agressão em bairros residenciais, sendo que em boa parte desses existem leis que impedem construções com fins comerciais.
ResponderExcluirQuanto as memórias pode-se notar que as mudanças acontecem cada vez mais rapidamente, pessoas de outras gerações conseguem se lembrar de fatos de até vinte anos à traz, enquanto que eu mau consigo me lembrar do local de diversão da minha rua há 3, no máximo 4 anos há traz.
Novamente parabéns Rafa, pelo ótimo post!
Um abraço!