Já não sei mais se isso faz parte da natureza humana ou se isso só está em mim. As vezes me sinto tão distante de tudo e busco uma razão para me confortar; faço das palavras o meu refúgio e procuro um paralelo da minha linha de pensamento com as diversas e individuais linhas de pensamento de cada pessoa. Confesso, ultimamente tenho me sentido vazio, assim como um caderno com páginas em branco esperando um alguém para derramar um pouco de poesia, e transformar as pálidas páginas em algo belo e com algum sentido, por mínimo que seja.
Uma coisa é fato, e acontece com todo mundo: queremos possuir sempre cada vez mais, desejamos ardentemente tudo aquilo que nunca poderemos ter, e esse é o dilema da perfeição. Fernando Pessoa já disse em um dos seus versos: "Adoramos a perfeição, porque não podemos a ter, repugna-la-íamos se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito". A ironia nisso tudo é a relação da possessividade com a perfeição, duas coisas que não combinam, e acima de tudo, duas coisas que não são nada saudáveis: a busca pela perfeição e o desejo de possuir para si tudo que lhe é valioso. Seria justamente por isso que a sociedade tem caminhado com passos descompassados? Alias, quem sou eu para dizer isso? Volto novamente na frase que abriu o post: "Já não sei se isso faz parte da natureza humana ou se isso só está em mim".
Novamente confesso: ultimamente tenho tido a impressão de não ter estado com a cabeça no lugar. Preciso de alguma coisa pra me consertar, mas será que realmente preciso? Por que desde cedo em nossas vidas nos é passada a idéia de que temos que estar sempre de acordo com o comportamento da grande maioria? Sobre isso, não sei mais o que dizer, apenas confesso, confesso, confesso.
Talvez eu esteja sendo egoísta, ou quem sabe eu seja apenas uma pessoa procurando incansavelmente um algo a mais. Reconheço minhas conquistas, temo minhas derrotas, gostaria de saber o fim; mas no fundo sinceramente não sei se o vazio que sinto é porque quero possuir tudo pra mim.
"temos que estar de acordo com o comportamento da grande maioria" – Eu acho isso um.. SACO!
ResponderExcluirSentir-se distante.. sei bem como é. As palavras são meu refúgio tbm, um pouco na escrita, mas muito mais na leitura. Refúgio e procura. Mas o que é que vai levar a vida em frente se não for essa procura? Mesmo que venha com o vazio de ficarmos perdidos.. acho que é exatamente aí, em algum lugar, que está o sentido, para quem quer encontrar algum.
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ResponderExcluir@Gustavo Ca - Realmente, a falta de sentido e a busca pelo mesmo é o que impulsiona a vida! Acredito também que o refúgio através das palavras é justamente aonde cada pessoa pode encontrar-se consigo mesma, através da identificação com outros autores e/ou da busca pela própria identificação e sentido!
ResponderExcluirAcho que todos estamos buscando algo mais para vida. Estranhamente eu também tenho pensado muito sobre isso, o próprio ciclo da vida parece as vezes niilistas. Coisa que todo mundo sabe, mesmo que inconscientemente, acreditamos, que quando adquirirmos pelo qual temos obsessão nos sentiremos completos ou simplesmente mais felizes, mas logo estamos atrelados à outros desejos, muitas vezes antes mesmo de conquistar o primeiro, por outro lado, acredito também que a vida seja feita de desejos, acredito que um homem que nada deseja está morto, ou prestes a morrer.
ResponderExcluir@ Rafael Alves Rocha - Faço das suas palavras as minhas palavras. Estamos eternamente buscando algo a mais, e mesmo quando encontramos, esse não será o momento em que nos sentiremos completos e satisfeitos, pois a busca pela superação e pela meta de objetivos está em todos nós. Também acredito que o homem que nada deseja está morto por dentro.
ResponderExcluirMuito bom seu comentário!