Fato inegável: o amor vulgarizou, principalmente de alguns anos para cá. Pessoas dizem “eu te amo” com a mesma freqüência e automatismo com que dizem “bom dia”, sem ao menos pensar no que isso pode realmente significar. O amor acabou por se tornar um subproduto da indústria cultural feito para vender, e desde então isso é tido como algo belo: declarar amor a tudo que está ao nosso redor, por puro costume. Somente após muitos trancos e barrancos é que acabamos por pensar nos eu verdadeiro valor.
Falo do amor não somente como um sentimento que une as pessoas, mas sim como o mais supremo sentimento existente, seja ele entre cônjuge, familiares ou amigos. Há quem diga que o termo “adorar” é mais apropriado (tendo em vista a adoração religiosa); independente disso estou falando desse sentimento que nunca morre, que chamamos (ou chamávamos) de amor.
Não me agrada a maneira inversa com que essa troca de sentimentos acontece. No fim das contas, aquele ditado popular que diz que “amamos os objetos e usamos as pessoas” está, infelizmente, ganhando verdadeiro significado a cada dia que passa. Acabamos, as vezes sem perceber, colocando nossos bens materiais (e o desejo de possuí-los cada vez mais) em primeiro plano, enquanto as pessoas queridas que fazem parte de nossa vida ficam em segundo plano.
Mas hoje meu apelo pessoal vai mais além; fico indignado com a maneira que alguém pode jurar amor eterno e logo em seguida esse alguém pode simplesmente desaparecer, sem motivo algum, e logo está “amando eternamente” outra pessoa, que por conseqüência é sua nova “diversão”. Esse “amor mascarado” é o pior tipo de sentimento que existe, pois por trás dele há um enorme egoísmo de se apoderar de um alguém para logo em seguida simplesmente e inexplicavelmente partir.
Após tanta vulgarização, mascaramento e banalização, é possível compreender a aparente loucura que Nietzsche passou ao cair em prantos por ver o sofrimento que um cavalo estava passando ao ser chicoteado. Talvez esse seja realmente o verdadeiro amor que nos resta; o amor pelos animais. A ironia nisso tudo é que ainda somos chamados de seres “humanos”. Haja antropocentrismo...
Apesar de tudo, no fim das contas ainda espero que existam mais pessoas com a mesma linha de pensamento que eu, e que realmente enxerguem e reconheçam aonde está o verdadeiro amor; aquele amor único, verdadeiro e completamente sincero que deveria fazer parte da nossa natureza. Mesmo assim, ainda é difícil escapar do egoísmo que existe por trás de uma máscara com o mesmo nome: amor. O que nos resta é aprender a distinguir o verdadeiro amor de sua ilusão.
Com essa "vidinha" que a sociedade brasileira tem vivido, Rafa supervalorizando ícones rotos e simplismente banindo de importância sentimentos de irmandade, cooperação, paciência e compaixão, infelizmente as coisas estão indo de mal a pior. A falta de vontade de conhecer de fato a verdade, seja filosófica de Nietzsche, ou a do Dalai Lama, ou a de Jesus Cristo, a mass midia tomou conta de vez a cabeça das pessoas com consumismo, idolatria e essa orgia reprimida que essa nova geração vem trazendo pra nós que somos "velhos". Em minhas conversas com minha irmã, formada em filosofia e amante da filosofia do fin de siecle, agente sabe que a "salvação" seja ela qual for, será individual, o humano o entende subconscientemente mas a inverte, rolando esses egos gigantescos a qual temos que enfrentar e de certa forma aceitar, pois de repente isso que vc escreve, ou isso que escrevo pra amenizar as coisas, não passa de balela pra pessoas menos interessadas. Enfim, o amor é uma busca solitária, o Amor primário é uno e prazeroso, mas o Amor duo é forte e impossível de se corromper.
ResponderExcluirAcho que como você mesmo disse tudo começou com a comercialização da palavra amor. Acho que hoje em dia amor é algo que temos que ter a qualquer custo, mesmo que superficial, pois sempre surgem frases de efeito de amor isso ou amor aquilo.
ResponderExcluirNa verdade a maioria das pessoas que fazem tanta prosa sobre isso, mau conhecem o verdadeiro amor, amam por conveniência, não amam alguém, mas sim amam amar. Por isso faço das palavras de Nietzsche as minhas, talvez não de forma tão agressiva.
Obs.:Ótimo post!
Numa sociedade onde, infelizmente, tudo vai se tornando descartável (produtos, informações, pessoas), o amor tbm caiu nessa.. obsessão pelo consumo. Consumo pelo que está na moda, e até sentimentos entram na moda.
ResponderExcluir@ Mauricio - Exatamente! Parece que há muitas pessoas que insistem em não enxergar e realidade com relação a tudo isso. Afinal de contas, é mais fácil "fechar os olhos" do que encarar essa difícil realidade. Estou de cordo com sua conclusão; ainda acredito e tenho esperanças, apesar de poucas, com relação ao verdadeiro amor, que é único.
ResponderExcluir@ Rafael Alves Rocha - Aí está outro ponto importante nessa questão! Nos é passada a informação de que temos que possuir o amor, de qualquer jeito, sendo superficial ou não, como você disse. Sendo assim, quem "consome" amor terá maiores dificuldades em distinguir o legítimo amor do ilegítimo amor.
@ Gustavo Ca - Estou lendo um livro do sociólogo Zygmunt Bauman (Vida líquida) em que ele faz um paralelo ao consumismo em massa (descartável) com o indivíduo que vive nessa sociedade, que por vez torna-se descartável também. Como você disse, assim são os sentimentos hoje em dia: estão na moda, e logo serão esquecidos. Pena que o amor esteja sendo - há tempos - esse "sentimento da moda", que é repaginado de acordo com as gerações.
Abraços a todos!
Eu penso como você, Rafa! Mas, penso que se não fosse essa TOTAL banalização que se encontra o amor -por fatores já apontados no texto e mais inúmeros que poderia citar - Ao se deparar com isso, pessoas como você, eu e outras mais, vão se indignar, e querer encontrar o verdadeiro sentimento do amor. Às vezes, aprendemos de outras maneiras e InFELIZMENTE, algumas pessoas passam por nossa vida, para nos ensinar isso. O que não quer dizer que elas saibam ou vão aprender-.. rs Mas eu ainda acredito no amor entre as pessoas! Enquanto eu amar e senir =)
ResponderExcluir@ .:dri:. - Boa observação! Se não fosse por isso, não estaríamos em busca de algo real, verdadeiro. Gostei dessa ambigüidade no "inFELIZMENTE", porque realmente é ruim por um lado isso acontecer com tanta gente, mas por outro lado é justamente aí que começamos a enxergar as coisas como elas realmente são! Enquanto ainda houver pessoas com algum - sincero - sentimento, o legítimo amor ainda vai existir, por mais que esteja em extinção!
ResponderExcluirO engraçado é que estava pensando sobre o amor ontem a noite, e até minha bateria do celular acabou de tanto escrever sobre ele, talvez seja pensar como ele é hoje que me faz querer sumir desse mundo, eu ainda sou daquelas que se lembram dos sentimentos verdadeiros e acho que hoje em dia se tem medo em confiar, medo de amar, hoje tudo se tornou superficial, industrial, poucos ainda tem a sorte se sentir o amor verdadeiro, um abraço apertado, um bom dia de dentro pra fora.
ResponderExcluirÓtima observação, e fico feliz pela visita!
@ Camila Fontenele - O amor é uma das coisas em que penso todos os dias, pois é um dos sentimentos que move a vida. Não somente o amor romântico, mas o amor no sentido da paixão que está (ou deveria estar) presente em todos os elementos do mundo! Vejo o medo de amar e o medo em confiar justamente como uma cicatriz, um trauma causado por relações anteriores e experiências desagradáveis. No fim das contas, é exatamente como você disse: "poucos ainda tem a sorte se sentir o amor verdadeiro, um abraço apertado, um bom dia de dentro pra fora"; e está ficando cada vez mais difícil sentirmos o amor sincero e verdadeiro.
ResponderExcluirFico feliz que tenha gostado do post! Eu é que agradeço pela sua visita!